O ministro da Agricultura, Marcos Montes, se reuniu, na segunda-feira dia 02/05, com representantes de cooperativas dos ramos agropecuário e crédito.
Coordenado pelo Sistema OCB, o encontro contou com a participação do presidente do Sistema OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras), Márcio Lopes de Freitas, da superintendente Tânia Zanella, e de mais de 150 cooperativistas das principais regiões produtoras do Brasil. Também estiveram presentes o secretário de política agrícola, Guilherme Soria Bastos Filho, e o diretor de Crédito e Estudos Econômicos, Wilson Vaz de Araújo, do Mapa. Em pauta, as demandas do setor produtivo para atender as necessidades de custeio e investimento da safra 2022/2023. O presidente do Sistema Ocepar, José Roberto Ricken, e os superintendentes da Ocepar, Sescoop/PR e Fecoopar, respectivamente Robson Mafioletti, Leonardo Boesche e Nelson Costa, acompanharam a reunião virtual.
Demandas
O coordenador nacional do Ramo Agropecuário do Sistema OCB, Luiz Roberto Baggio, presidente da Cooperativa Agroindustrial Bom Jesus, com sede na Lapa (PR), fez uma explanação sobre as propostas do Sistema Cooperativista para o Plano Safra 2022/2023. Segundo o dirigente, as sugestões foram construídas considerando o panorama atual da agropecuária brasileira, marcado pela elevação dos custos de produção, alta da inflação e das taxas de juros, e aumento da concentração dos negócios, com fundos de capital adquirindo revendas e cerealistas e recursos de outros países influenciando o mercado local. “Esse contexto só tem um contraponto regulador, que é o cooperativismo, que congrega no Brasil 1.200 cooperativas, mais de 1 milhão de produtores rurais cooperados (71,2% deles são do perfil da agricultura familiar) e gera 223 mil empregos, respondendo por 53,2% da safra nacional de grãos. Como suporte a este setor, é preciso garantir a compra de insumos, a equivalência de preços junto ao mercado e dar respaldo aos planos de investimentos nas cooperativas”, afirmou.
Segurança alimentar
Baggio relatou ao ministro as demandas do cooperativismo, que reivindica aumento aproximado de 31% no volume de recursos para o Plano Safra, com R$ 330 bilhões. Deste total, R$ 234 bilhões destinados ao custeio da safra e comercialização e R$ 97 bilhões para investimentos. O cooperativismo pede também a elevação das exigibilidades de aplicação no crédito rural e mais recursos para equalização da taxa de juros. “Manter a atual arquitetura do crédito rural é importante para que a produção se mantenha crescente, escalável e garanta a segurança alimentar do país e do mundo”, concluiu.
Investimentos
Na sequência, o presidente do Sistema Ocepar, José Roberto Ricken, destacou a necessidade do setor produtivo em relação aos investimentos. “Somente as cooperativas do Paraná investiram muito nas duas últimas décadas e pretendem investir ainda mais, na ordem de R$ 30 bilhões até 2026. O resultado dos aportes aparece na base, em termos de desenvolvimento regional e maior estabilidade de renda para os cooperados e cooperativas”, disse. De acordo com o dirigente, buscar recursos no mercado não é uma alternativa atrativa, porque tanto bancos quanto o mercado de capitais ainda não oferecem investimentos com prazos superiores a cinco anos de forma competitiva, com o retorno proporcionado pela rentabilidade da produção de alimentos”, comentou. Por este motivo, mecanismos oficiais, como o Prodecoop, Procap-Agro, Moderinfra, Moderagro, PCA, ABC, entre outros, são fundamentais. “São linhas de investimentos que necessitam do apoio do governo no sentido de propiciar volumes de recursos e juros compatíveis. Por isso, agradeço ao ministro Marcos Montes pela disposição de apoiar o setor produtivo na construção de um plano safra que atenda as demandas por recursos”, pontuou.
Diálogo
O presidente do Sistema OCB, Márcio Lopes de Freitas, agradeceu ao ministro da Agricultura pela disposição em dialogar com o setor cooperativista. “A forte presença das lideranças nesta reunião mostra a esperança e a preocupação em dar um processo de continuidade sólida para o desenvolvimento da agropecuária”, disse. O dirigente afirmou ao ministro que os representantes das cooperativas estão cientes das dificuldades orçamentárias para a composição do crédito rural. “Estamos aqui para ajudar a encontrar soluções, para viabilizar uma linha de recursos para a equalização da safra. Estamos prontos para respaldar o Ministério, conte com a gente para agir, convencer, argumentar tecnicamente, para que haja recursos para nossa agricultura.”
Balizador
Segundo Lopes, o crédito rural é um instrumento fundamental para a agricultura brasileira, além de ser uma fonte de recursos controlados que atuam como um balizador para o mercado financeiro. “Consideramos importante que ao menos 30% dos recursos para o Plano Safra sejam com taxas de juros controlados. Sem esse suporte, é como estar num rio sem visualizar as margens, o setor fica sem referência”, afirmou. Para o dirigente, embora o setor agropecuário tenha tido resultados positivos nos últimos anos, a perda de força do crédito rural causaria um enfraquecimento das possibilidades de desenvolvimento. “Comparo com um bitrem novo, carregado, na subida. Sem os recursos controlados, esse caminhão ficaria sem combustível e poderia descer a ladeira. Não podemos correr esse risco”, ressaltou.
Destravamento
Depois de ouvir as propostas das cooperativas e seus representantes, dos Estados do RS, SC, PR, SP, MG, ES, GO, MS e MT, que incluem um aumento de 31% no volume de recursos, o ministro Marcos Montes disse que elas trazem subsídios para que a pasta possa defender junto à área econômica um plano safra robusto. “Quando a OCB nos procura é para ajudar”, ressaltou. “Iniciamos o destravamento do plano safra, tanto que o PLN 01/2022 que destina R$ 868,49 bilhões para o Plano Safra 2021/2022, passou pelo Congresso e agora aguarda sanção presidencial. Viramos uma página. Agora é focar as energias no plano 2022/2023. Reitero a disposição de ajudar o cooperativismo, que tem sido uma forma importante de atendermos os que mais precisam de apoio”, disse.
Espinha dorsal
O ministro contou que, para o próximo ciclo, o presidente Jair Bolsonaro já manifestou o desejo de estruturar um plano abrangente. “Mas precisamos ter uma compreensão do momento da economia. Temos que saber até onde podemos chegar”, afirmou. Ainda sobre propostas apresentadas na reunião desta segunda-feira, Montes disse que elas representam a espinha dorsal do que o Ministério da Agricultura vem pensando para o novo Plano Safra. “Destaco, principalmente, duas premissas, uma que diz respeito à elevação do montante de recursos alocados para a equalização de taxas de juros no crédito rural e a concentração de negócios. Estes são justamente os argumentos que temos utilizado para discutir com a Secretaria da Fazenda e o Banco Central. E o aumento de 31% do montante de recursos, solicitado pelas cooperativas, acompanharia a elevação dos juros e dos custos de produção. Ou seja, os números colocados hoje batem com os nossos”, frisou.
Esforços
O ministro disse ainda que está chamando os parlamentares que compõem a Frente Parlamentar do Cooperativismo (Frencoop) e a FPA (Frente Parlamentar Agropecuária) para ajudar no convencimento da equipe econômica em relação às demandas do setor produtivo, principalmente de pequenos e médios produtores. “Queremos dividir essa luta com eles para garantir uma safra cheia”, frisou.
Fonte: Paraná Cooperativo